Foi há menos de 48 horas que saí da sala 1 da rede Cinemark do Midway Mall com o prêmio de Melhor Curta-Metragem do Cine Fest RN, um festival que chegou por aqui com pretensões de ser gigantesco, com comparações precoces ao tradicional Festival de Cinema de Gramado e exalando um desmedido glamour. Esse prêmio veio justamente com o ‘Nada Foi em Vão’, um filme que está se tornando um marco pessoal para mim. Ele me tem sido revelador enquanto alcance de público, de causa e efeito, de real eficiência enquanto arte.
Foi há menos de 48 horas que meu terceiro filme efetivo (oitavo se contarmos aqueles que dirigi sem de fato ter estudado e entendido minimamente o que é dirigir um filme – e gosto de pensar que pouco ultrapassei do minimamente, porque fico visualizando um caminho para crescer) venceu um festival e, ao ouvir seu título ser chamado, eu fiquei sem entender bem, paralisado por alguns segundos, em meio a uma plateia de mais de 100 pessoas que aplaudiam e gritavam. Desci, recebi o troféu, o ilustrativo e gigante cheque e, ainda anestesiado, falei algumas palavras ao microfone. Foi há menos de 48 horas que, em meio a toda aquela gente, estavam integrantes do Coletivo Dacine (que morro de orgulho por ter fundado), minha irmã e parte da equipe do ‘Nada Foi em Vão’. Dessa equipe, meus pais: os personagens reais mais incríveis que eu poderia ter. De um documentário tão íntimo e que, ao mesmo tempo, consegue quebrar tantas barreiras do coração e sensibilizar curadorias (de quando o inscrevi no Cine Fest RN ao dia da estreia o filme já havia sido selecionado para mais dois festivais) e, agora, um corpo de jurados oficial, têm surgido reflexões que, sem dúvida alguma, respingarão em meus futuros trabalhos enquanto diretor. Há menos de 48 horas, com o troféu mais lindo que já vi (um elefantinho super simpático que simboliza o formato geográfico do RN em união com uma película cinematográfica) bem seguro na mão esquerda e o microfone na trêmula mão direita, de improviso por realmente não imaginar que aquele prêmio viria, agradeci à idealização do festival, à curadoria por ter incluído meu filme na disputa e aos membros do júri, especialmente ao seu presidente, Rubens Ewald Filho, que, àquele momento, estava me olhando com um sorriso super largo – e a minha ansiedade não me deixava discernir se ele estava rindo de mim ou sorrindo feliz comigo, até eu cair em mim e escutar a própria voz daquele crítico que cresci assistindo, em uma época que nem havia internet na minha saudosa periferia, a 5ª Etapa de Rio Doce, em Olinda/PE (aonde sempre retorno e onde meus pais ainda residem), elogiando o ‘Nada Foi em Vão’ com palavras que eu não poderei esquecer. Internet essa que acaba por criar monstros malignos. Porque há, sim, como se enraivecer por comentários sem noção em plena transmissão do Oscar, mas há também como compreender a formação e a vida daquele que é um dos críticos de cinema mais influentes da nossa história. Perdoar o dito talvez não. Mas buscar explicações e seguir em frente, respeitando toda uma trajetória, é possível. Há menos de 48 horas, eu fiz boa parte dos devidos agradecimentos, mas acabei me esquecendo de alguns dos mais importantes: meu próprio Coletivo (o Dacine), o Cineclube Natal, a Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (a ACCiRN) – que entendeu e apoiou a minha participação enquanto realizador –, todas as pessoas que me apoiaram ao ler minhas críticas e textos nesses meus 10 anos enquanto crítico e comentando meus filmes, o diálogo que o Cine Fest RN propôs desde que publiquei uma Carta Aberta, a partir do sempre educado, solícito e eficiente Riccardo San Martini e ao apoio na conversa cedido pelo Sergio Vilar. Agora, menos de 48 horas após a cerimônia de premiação e encerramento, percebo que a ficha vai se assentando e que realmente nada foi em vão. Há um diálogo aberto, uma torcida gigante para que o Cine Fest RN venha a dialogar com as instituições locais que fazem e pensam cinema já no planejamento da edição de 2019 (que deverá ser mais tranquilo) e a esperança de que, sim, esse festival venha a se tornar tão grande quanto o de Gramado, mas que seja tudo limpo, organizado e que mais e mais realizadores possam ter o prazer de assistir aos seus filmes em um cinema de grande porte. Para isso, fiscaliza-se. Para isso, atua-se. Para isso, é necessária a presença. Bater o ponto para observar tudo o que está acontecendo e poder tecer críticas construtivas é o que, de fato, pode funcionar. Entrei no Cine Fest RN publicamente com um pé atrás. Saí premiado, mas seria covardia e hipocrisia demais de minha parte dizer que o festival sanou todas as minhas desconfianças quando, na verdade, instalou outras. Por outro lado, isso poderá ocorrer numa próxima edição e, inclusive, independe de seleção ou premiação. Não vou atrás de qualquer egocêntrico bicampeonato. Vou atrás do que depende de mim. Vou atrás do que me for possível porque só quero ver o cinema potiguar sendo impulsionado. E um festival de grande porte pode, sem dúvida alguma, trazer ainda mais vida para um cinema que já tem tanta gente que admiro. Fazer parte desse crescimento e dessa evolução continuará sendo um prazer e uma honra.
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Dunkirk é um filmaço! E o som (edição e mixagem) do filme é, sem dúvida alguma, dos melhores que já pude ouvir. Talvez o melhor. Só fiquei muito triste por causa da monstruosidade arrogante do Hans Zimmer, que parece ter absorvido todo a predileção por grandiosidade do Nolan e fez com que a trilha sonora seja praticamente ininterrupta. Nunca senti tanta falta de silêncio assistindo a um filme. Até decorei a fala do único momento em que a música pausa completamente: "Aquele velho não olhou nos nossos olhos.". Minto. Além desse momento, a trilha também para pouco tempo depois, no último take, coisa de dois segundos antes dos créditos finais (quando ela retorna com tudo). No total, acredito que são uns cinco segundos de filme sem uma linhazinha de Zimmer. É bizarro. Ou ele está simulando algo parecido com uma ambulância sintetizada, ou está utilizando um ostinato retumbante pra causar urgência, ou está marcando presença nem que seja através de uma linha aguda em último plano. Falta silêncio à música de Hans Zimmer. Ele parece ter esquecido que pausas também fazem parte de uma composição. E que elas têm o poder de ser, quando bem empregadas, muito mais desesperadoras. Ainda mais em um grande filme. O Homem sorriu
quando o descaso lhe jogou uma maçã. Macieira, macieira, onde estás? Só vejo teus frutos nos tablados da feira. Que besteira... Porque se o Homem precisa comer por obrigação nem alimento é. O sabor é de desdém, pois não se pode ser nem refém enquanto não há por si interesse. Fazer por amor não é ser poeta.
Usar de amor não é um feitiço para metamorfosear-se em poesia. Talvez se transforme numa pessoa mansa. Quando, da mansidão, foge a alma do poeta. Falta amor no mundo, mas falta mais mundo em quem usa de rimas, brancas ou não, para afirmar-se algo. Gratidão eterna... Terna é toda paciência que afaga o silêncio ao perdoar qualquer expressividade rasa. E de tão rasa parte da poesia contemporânea já transbordou.
Há três anos, eu fui convidado a exibir o meu primeiro curta-metragem (um média de acordo com a ANCINE) em uma das Mostras do Cineclube Natal. Eu havia retornado à cidade após apresentar o filme em um festival. Estava receoso, talvez amedrontado. Eu não era membro do Cineclube, não conhecia aqueles que viriam a ser uma parte muito significativa do que entendo sobre amizade. Três coisas eu não esqueço desse dia: A recepção super encorajadora de Nelson Marques, Gianfranco Marchi e João Cláudio Urbano, cineclubistas presentes naquele momento; um casal que assistia àquele meu filme rindo, em deboche, e deixou a sessão pelo meio; e uma pergunta feita por uma moça que estava no meio da plateia. Por mais que os dois primeiros fatos tenham encontrado caminhos opostos em minha mente, a pergunta do terceiro acontecimento inesquecível só encontrou uma resposta muito recentemente. Ela havia me perguntado quais eram minhas referências de diretores. Eu nunca havia pensado nisso. Eu tinha referências de críticos, porque já exercia a profissão há alguns anos. Eu nem conseguia me considerar um diretor ainda. Havia feito o Mas Não se Bordam os Peixes nas coxas, tanto que a parte na qual mais me dediquei para o filme foi a trilha sonora, algo que eu já era cheio de referências e alguns vários anos de estudo. No momento, travando para responder, eu citei Paul Thomas Anderson guardando as devidas proporções. Era uma referência afinal. Mas aquilo ficou martelando forte o meu juízo. Filmei mais quatro trabalhos até perceber que, enfim, eu estava me sentindo confortável e criando uma identidade visual, de ritmo, de conteúdo, de expressão, de linguagem. A partir desse momento, entendi que os trabalhos que eu havia realizado foram, inconscientemente, estudos. Descobri que, ao me encontrar, eu estava encontrando a resposta para aquela moça. Ao me encontrar, eu estava deixando que minhas referências de diretores deixassem o meu inconsciente e se tornassem uma parte consciente de mim. Sempre guardando as devidas proporções, claro. E é libertador se sentir embasado dessa forma sem se sentir preso. Provavelmente esse texto nunca vai chegar à autora daquela pergunta. É mais certo ainda que ela nem lembre. Mas, para ela (e para quem mais tiver a curiosidade de saber), listo 10 dos diretores com os quais mais me identifico. Não é uma ordem qualitativa. É uma ordem pessoal. Muito pessoal. 1. Jonathan Demme; 2. Ingmar Bergman; 3. Béla Tarr; 4. Michael Haneke; 5. Sam Mendes; 6. Walter Salles; 7. Denis Villeneuve; 8. Paul Thomas Anderson; 9. Glauber Rocha; 10. Francis Ford Coppola. A lista cresceria muito se eu não me limitasse a 10 por aqui. Hoje, moça, entendo que aquela sua pergunta fazia e faz muito sentido, mas eu, muito mais inexperiente do que hoje e bem bocó, ainda não tinha entendido a minha função. Serei eternamente grato ao convite do Cineclube Natal e à moça misteriosa. Em 9 fevereiro, fiz uma enquete com a intenção de construir minha primeira lista de "melhores filmes". Não acho que listas são justas e às vezes elas me parecem pretensiosas ou algo do tipo. Por isso, antes de citar os filmes aqui, preciso dizer: NÃO assisti a todos os filmes possíveis. É óbvio! É MUITO provável que alguns desses que não assisti possam, futuramente, entrar nessa lista, retirando parte dos que agora estão. E posso ter esquecido um ou outro também. Outro detalhe é que, em se tratando de obras-primas, não tenho condições de analisar friamente e elencar quais são os "melhores". Então, além de eu acreditar que são, de fato, obras-primas, a lista está cheia de filmes com os quais me identifico enquanto fazedor de cinema (não todos). A ordem, por sinal, é por ano. Mas, para que fique registrado, Sangue Negro estaria na dianteira caso eu forçasse uma lista mais taxativa (e mais pretensiosa). Ainda, não sei se preciso justificar a predominância de filmes americanos, mas com o pouco que chega pras bandas de cá e como muitas vezes evito fazer downloads... OS 20 MELHORES FILMES DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI
(janeiro de 2001 a dezembro de 2010): - Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001); - A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki, 2001); - Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001); - Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002); - O Pianista (Roman Polanski, 2002); - Oldboy (Park Chan-wook, 2003); - Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry, 2004) ; - Caché (Michael Haneke, 2005); - O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005); - Filhos da Esperança (Alfonso Cuarón, 2006); - Síndromes e um Século (Apichatpong Weerasethakul, 2006); - Onde os Fracos não Têm Vez (Joel e Ethan Coen, 2007); - Ratatouille (Brad Bird, 2007); - Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007); - O Lutador (Darren Aronofsky, 2008); - Sinédoque, Nova York (Charlie Kaufman, 2008); - A Fita Branca (Michael Haneke, 2009); - Cópia Fiel (Abbas Kiarostami, 2010); - A Origem (Christopher Nolan, 2010); - Toy Story 3 (Lee Unkrich, 2010). QUE PODERIAM COMPLEMENTAR NA LISTA: - Monstros S.A. (Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich, 2001); - O Senhor dos Anéis (trilogia: Peter Jackson, 2001/2002/2003); - Terra de Ninguém (Danis Tanovic, 2001); - Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (Tim Burton, 2003); - Procurando Nemo (Andrew Stanton, 2003); - Sobre Meninos e Lobos (Clint Eastwood, 2003); - Marcas da Violência (David Cronenberg, 2005); - O Labirinto do Fauno (Guillermo Del Toro, 2006); - O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel, 2007); - Batman: O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan, 2008); - WALL-E (Andrew Stanton, 2008); - Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009); - Up: Altas Aventuras (Pete Docter e Bob Peterson, 2009). Por mais que seja dito e redito que Oscar não é sinônimo de qualidade, é inegável que a maioria dos indicados estão acima da média e muitos deles são filmes excepcionais ou até mais do que isso. O que dizer, por exemplo, do Oscar 2008, quando competiram Onde os Fracos não Têm Vez e Sangue Negro? Este último, por sinal, permanece como o melhor filme realizado no século XXI. Mas, claro, é uma constatação minha que só importa para dizer que, sim, o Oscar é importante e tem filmes de qualidade aos montes. E o melhor: faz o cinema ser discutido, entrar em rodas de conversas.
E a safra atual é boa e das mais diversificadas (e nem estou entrando nas questões raciais). A sensibilidade de um musical lindíssimo e incrivelmente respeitador; uma sci-fi das mais humanas; um forte romance negro e gay de baixo orçamento, cuidadoso e delicado; caubóis de uma era que sucumbe ao Sonho Americano... isso sendo bem genérico. Mas escrevi justamente sobre esses quatro filmes. Os links (em minha ordem de preferência):
Mas o Oscar é justo? Claro que muitas vezes não é. Faço parte do coro que protesta contra a não indicação de Amy Adams. Por outro lado, o sistema de votação da Academia é ultrapassado. Isso porque Amy deve ter sofrido o mesmo que Ryan Gosling há alguns anos, quando ele, que é um dos favoritos agora, não foi indicado por ter dividido os votos entre duas de suas atuações. Esse é só um dos exemplos mais ralos de como o Oscar pode ser injusto. E até bem tosco: Por que premiar Shakespeare Apaixonado em detrimento de outros quatro filmes tão melhores (e obviamente mais políticos e densos – mais comentários genéricos, eu sei)? Aliás, aquele (1999) deve ter sido o (ou um dos) Oscar mais bizarro de todas as edições. Voltemos ao Oscar 2017... Algum indicado será capaz de bater o musical de Damien Chazelle? Difícil. Os méritos do filme do rapaz prodígio são muitos e, parte deles, dizem respeito à própria Hollywood. Puxando de outro Oscar, o de 2012, O Artista tinha uma pegada parecida e acabou levando o prêmio principal... não quero entrar nos deméritos de Hazanavicius e seu filme. Voltemos novamente... Se La La Land não vencer, o prêmio ficará com Moonlight. Há algum azarão possível? Sim: Manchester à Beira-Mar. Mas isso não irá acontecer. La La Land sairá do Oscar 2017 com, no mínimo, sete estatuetas. E prevejo isso sendo bem pé-frio de Chazelle. Bem... para o Oscar 2015, fiz uma maratona enlouquecida. De cinema a cópias de serviço, assisti a todos os filmes de todas as categorias. Ainda escrevi sobre todos os indicados das categorias principais. Quase o mesmo feito eu tinha alcançado um ano antes. Já o Oscar 2016 passou quase batido por mim, por um monte de motivos, de pessoais a profissionais. Agora, tentei acompanhar os principais concorrentes, voltei a escrever sobre alguns e confesso que acho essa hype de Oscar muito bacana. Dito tanto, vamos às minhas apostas e preferências. Nas categorias que assisti a menos de 50% dos concorrentes, deixo só minhas apostas. Nas categorias de curtas-metragens, abstenho-me por enquanto: MELHOR FILME APOSTA: La La Land: Cantando Estações PREFERÊNCIA: A Chegada Menções Honrosas: Moonlight: Sob a Luz do Luar e A Qualquer Custo MELHOR DIREÇÃO APOSTA: Damien Chazelle (La La Land) PREFERÊNCIA: Barry Jenkins (Moonlight) Menção Honrosa: Denis Villeneuve (A Chegada) MELHOR ATRIZ APOSTA: Natalie Portman (Jackie) PREFERÊNCIA: Amy Adams (A Chegada, Animais Noturnos) Isabelle Hupert (Elle) Menção honrosa: Ruth Negga (Loving) MELHOR ATOR APOSTA: Denzel Washington (Cercas) PREFERÊNCIA: Ryan Gosling (La La Land) Menção Honrosa: Viggo Mortensen (Capitão Fantástico) MELHOR ATRIZ COADJUVANTE Categoria das mais previsíveis. Viola Davis não deveria entrar entre as coadjuvantes. Assim como foi com Alicia Vikander no ano passado. APOSTA: Viola Davis (Cercas) PREFERÊNCIA: Votaria na Viola se achasse justo. Como não, Naomie Harris (Moonlight) Menção Honrosa: Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar) MELHOR ATOR COADJUVANTE Dev Patel, assim como Viola, não é coadjuvante. Sendo, assim, igualmente injusta a sua indicação. Mas mesmo assim ele não irá vencer. APOSTA: Mahershala Ali (Moonlight) PREFERÊNCIA: Mahershala Ali (Moonlight) Menção Honrosa: Michael Shannon (Animais Noturnos) MELHOR ROTEIRO ORIGINAL APOSTA: Manchester à Beira-Mar (mas, sim, La La Land pode ganhar de alguma forma... e seria desastroso) PREFERÊNCIA: O Lagosta (se estamos falando de originalidade, não tem como o roteiro dos gregos) Menção Honrosa: A Qualquer Custo MELHOR ROTEIRO ADAPTADO APOSTA: Moonlight PREFERÊNCIA: Moonlight Menção Honrosa: A Chegada EDIÇÃO/MONTAGEM APOSTA: La La Land PREFERÊNCIA: A Chegada Menção Honrosa: Manchester à Beira-Mar MELHOR FOTOGRAFIA APOSTA: La La Land PREFERÊNCIA: A Chegada Menção Honrosa: Silêncio MELHOR DIREÇÃO DE ARTE APOSTA: La La Land PREFERÊNCIA: A Chegada Menção Honrosa: Animais Fantásticos e Onde Habitam MELHOR TRILHA SONORA APOSTA: La La Land PREFERÊNCIA: A Chegada Jackie Menção Honrosa: Moonlight MELHOR CANÇÃO APOSTA: City os Stars (La La Land) PREFERÊNCIA: City of Stars (La La Land) Menção Honrosa: Audition (The Fools Who Dream) (La La Land) MIXAGEM DE SOM La La Land EDIÇÃO DE SOM Até o Último Homem EFEITOS VISUAIS Mogli: O Menino Lobo ANIMAÇÃO Zootopia FIGURINO Jackie MAQUIAGEM E PENTEADO Star Trek: Sem Fronteiras FILME ESTRANGEIRO Seria bom demais ver O Apartamento vencendo e Asghar Farhadi, proibido de entrar nos EUA, sendo representado por americanos de ascendência iraniana (uma engenheira e um ex-cientista da NASA). Há chances reais de isso acontecer. Mas acredito que é mais seguro apostar no caráter pouco revolucionário da Academia. Então... Toni Erdmann DOCUMENTÁRIO O.J.: Made in America CURTA-METRAGEM Silent Nights CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO Piper DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM Os Capacetes Brancos Lá em 2004, eu ensaiava meus primeiros textos sobre cinema. Dessa primeira tentativa, saíram alguns parágrafos sobre Oldboy (de Chan-wook Park) e Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (de Tim Burton).
Parei por algum tempo. Fui ler, estudar e, claro, assistir a muitos filmes. Lembro de deitar no sofá da casa de um dos meus irmãozinhos, Vinícius, e assistir a dois ou três filmes por dia. Isso já em 2006, quando eu morava com Vini e sua (nossa) família. Voltei a escrever em 2007, com uma base teórica um pouco mais sólida. Até criei um blog com fundo musical (bem brega anos 1990). Ali foram postados uns 30 textos. Até eu decidir que era hora de parar novamente, em 2008. Não gosto de me sentir insatisfeito com o que tento fazer. Era hora de ler muito mais. Era hora de tentar ser um crítico de cinema. Quando voltei a escrever sobre cinema, em 2010, criei meu segundo blog, em parceria com Laísa (minha esposa) e Rosa (minha irmã). Foram exatas 55 críticas, até que fui contratado pelo hoje extinto cinema.com.br. Provavelmente, o tempo nesse site foi o mais prolífico dessa minha carreira. Foram quase 200 críticas em dois anos. Ainda lembro da primeira: O Ciúme Mora ao Lado (de Mika Kaurismäki). Foi o tempo em que conheci o colega mais ético com quem trabalhei (Octavio Caruso), a chefa mais sincera (Marina Shimamoto) e, claro, as primeiras, e talvez únicas, inimizades (dessas que criam perfis fakes para tentar te abalar). Com o triste fechamento do cinema.com.br no final de 2012, passei a escrever para o portal Cinema10. Mas a crítica, que já vinha num processo de deterioração, parecia estar contando os dias. Eu não era crítico do portal, eu era redator. Minha função não era escrever sobre filmes (isso eu faria só se quisesse ganhar algum extra), era noticiar. Fui até convidado à mesa redonda do Festival Cine Futuro de 2012, em Salvador/BA, para falar sobre "o ocaso da crítica cinematográfica". Então, no início de 2013, tornei-me membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) e criei meu blog atual, esse aqui, o Dacine. Escrevi por aqui com muita assiduidade até 2015, desde críticas e análises a opiniões pessoais. Foram quase 300 publicações. Então fui parando, parando, parando... até não resistir mais. Publiquei somente esporadicamente em 2015 e em 2016 (como as críticas sobre O Bom Dinossauro, Débi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros e Mad Max: Estrada da Fúria, além das análises sobre Johnny Guitar e A Conversação). Mas em 2017 decidi voltar a escrever. Estava cobrindo os principais indicados ao Oscar 2017, um por um. Até que, inesperadamente, surgiu aquela que talvez seja a oportunidade mais bonita dessa trajetória: escrever para a Versátil Home Video. Conhecida entre os cinéfilos, amantes do cinema e colecionadores, a Versátil é a distribuidora independente mais emblemática do cenário nacional. São tantos clássicos lançados e relançados em edições lindas e recheadas de extras que não pensei duas vezes: deixei a cobertura do Oscar para uma outra oportunidade e passei a ser o crítico da Versátil. Ter meu nome ligado à Versátil é um sopro de vida. E eles me surpreenderam: criaram uma aba no site para mim e minhas críticas, valorizando o profissional e dialogando com muito respeito e conhecimento de causa. São por empresas assim, que não se importam somente com o lucro, que vale a pena juntar os R$ 5,00 de alguns DVDs pirateados para comprar um original. Mas isso é assunto para um outro momento. Sigo fazendo meu trabalho, trilhando meu caminho, sem pisar em ninguém e tentando construir algo sólido. Sabendo que é uma construção eterna. A todos que me acompanharam até aqui ou que irão me ler a partir daqui, meu mais forte abraço! E um beijo bem grande para os cinéfilos mais que verdadeiros que encontrei no Cineclube Natal! Amo vocês! Maria Schneider já havia dado seu depoimento, mas nossa constelação das redes sociais precisava das palavras de um homem, diretor da obra em questão, para entrar em grande polvorosa. Agora, de um lado, estão os que passam a achar Último Tango em Paris um filme de medíocre pra baixo (li que estão o incluindo na lista de filmes snuffs) e, do outro, os que dizem que o filme continua sendo uma obra-prima independente de qualquer coisa. Nosso júri popular ainda precisa da confissão do estuprador para acreditar na vítima. E isso vale ainda mais para o casos diários de violência contra a mulher. Desde que li o depoimento da Schneider, não fiz questão de procurar mais os filmes do Bertolucci. E não por serem ruins. A verdade é que são filme excelentes. O problema é meu, é pessoal. Como crio, faço minha arte e tenho buscado encontrar minha identidade, fico esperando que os artistas que gosto sejam minimamente íntegros em suas vidas. Nem precisam ser exemplos. Que sejam razoáveis, gente como a gente. Que sejam doidos varridos, estranhos, chatos. Mas que não sejam criminosos, que não sejam estupradores. Se passarmos a perdoar os artistas devido à relevância de suas obras, estaremos dando sinal verde para que gente talentosa fique tranquila para transgredir, inclusive violando quem quer que seja em prol de sua arte. Dito isso, Último Tango em Paris, de Bertolucci, continua sendo uma obra-prima. É a sequência em si que carregará um fardo eterno e jamais poderá (como já não poderia desde o depoimento da atriz) ser vista da mesma forma. E é claro que isso prejudica o filme pontualmente, relembrará o quão canalha foi Bertolucci (Brando e se sabe lá mais quem também) e o quanto homens podem ser canalhas para alcançar um desejo. E isso é metalinguagem no caso. |
OUTROS TEXTOSNão são críticas, mas são sobre cinema. Ou não. Sobre o autorMembro fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN), onde é integrante da diretoria, e membro do Cineclube Natal. Também é integrante da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ).
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