Título original: La Nuit a dévoré le monde Direção: Dominique Rocher O horror se reinventa a cada ano que passa, torna-se cada vez mais distante do que se acostumou a ver e isso causa estranheza a um público acostumado ao horror engessado, sem profundidade ou com um ritmo frenético, mais ação do que horror na maioria das vezes. A noite devorou o mundo é um exemplo de filme de horror onde o expectador mais preso à modelos comerciais logo irá tratar de imbuir outros gêneros até conseguir arrancar a última gota de horror do filme. A noite devorou o mundo, dirigido por Dominique Rocher, é um filme adaptado da obra homônima de Martin Page, onde o jovem Sam, após acordar em um apartamento no qual ocorria uma festa na noite anterior, percebe que está praticamente sozinho em uma Paris tomada por zumbis, que não se sabe como surgiram. O ritmo do filme O filme se destaca por ter um ritmo diferente dos filmes Zombie Horror que se vê comumente. A noite devorou o mundo possui um ritmo lento, bastante contemplativo, com poucos movimentos de câmera, o que talvez não agrade quem não está acostumado a filmes com essa proposta, mas que se bem aceito torna mais fácil de compreender as reflexões trazidas pelo roteiro, em especial nos poucos e pontuais diálogos do filme, quase sempre expressos pelo protagonista Sam. “Estar morto é o novo normal” É comum os filmes que trazem zumbis, carregarem consigo uma boa dose de crítica à sociedade de consumo e A noite devorou o mundo não é diferente ao criticar a sociedade em si. A frase destacada no título que rege este parágrafo, dita por Sam em certo momento da película, é um bom exemplo do quão pontual em relação aos diálogos o filme é. O que é ser normal, ou anormal? O filme coloca isso em xeque quando nos apresenta uma forma diferente de refletir sobre a normalidade e sobre como os “anormais” são tratados pela “massa normal”, que persegue incessantemente aquele que tem vestígios de anormalidade, obrigando quem não se encaixa em seus padrões a viver enclausurado, solitário, acreditando de tal forma ser o único a viver em sua aberração, que não enxerga que pode haver mais pessoas como ele. O que os amantes do subgênero podem esperar? Quem é apaixonado pelo subgênero do horror que contempla os mortos vivos pode esperar um filme que aproxima o zombie movie de um público que não é tão receptivo a esse tipo de produção, por ser na maioria das vezes repletos de sustos e cenas feitas para mostrar maquiagem. Apesar disso, sem perder a essência e adicionando um “fator dúvida” que, na minha opinião, eleva um filme de horror a um patamar de excelência.
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Amante dos filmes de terror clássicos e de um trash mal feito, é cinefotógrafo e tem o hábito de ver um filme no mínimo duas vezes: uma analisando o geral e outra analisando apenas a fotografia. Além, Igor é membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN).
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