Titulo original: Annihilation Direção: Alex Garland O filme de Alex Garland, novo diretor de ficção científica tendo estreado na direção com o filme Ex_Machina, é um presente visual e reflexivo ao espectador. Dispondo de mais do que o dobro de orçamento que teve em Ex_Machina, Garland insere em seu filme uma reflexão sobre o caráter das transformações por meio de uma direção de arte que é o ponto alto da película. A produção gira em torno de um fenômeno, o brilho, que apossou-se de uma área costeira e expandiu-se. Todos que adentraram nessa área jamais voltaram, exceto Kane (Oscar Isaac), um militar, casado com Lena (Natalie Portman), bióloga, que ao perceber que existe algo de errado com o seu marido e levá-lo ao hospital, é capturada por uma força tarefa e transportada a um campo de observação, de onde sairá acompanhada de mais quatro especialistas para examinar a causa do brilho. O filme é um espetáculo visual, desde a direção de arte, ponto de destaque da produção, que constrói cenários magníficos com referência à clássicos da ficção científica, à fotografia, que utiliza de lens flare (fenômeno óptico causado pela dispersão da luz na objetiva da câmera) para firmar o fator refrativo da área coberta pelo brilho e, além de cumprir essa função, por vezes indica influência do brilho nos personagens, atravessando a cabeça para indicar a insanidade provocada pelas mutações, por exemplo, muito bem pensado. As transformações são o maior ponto reflexivo do filme, já que o brilho por si só não destrói, nem constrói, apenas torna tudo diferente. Os personagens que adentram na área do brilho possuem problemas afetivos, existenciais, adentrar no brilho e sofrer mudanças é forçar-se a se adaptar, é perceber que adaptações por vezes são dolorosas, como a morte da Sheppard (Tuva Novotny), mas também podem ser tranquilas, como a transformação da Radek (Tessa Thompson) e até enlouquecedoras, como a Anya (Gina Rodriguez), mas são sempre necessárias para um bom futuro, ainda que traga resquícios que forcem a uma nova adaptação. Aniquilação é mais um exemplo do crescimento do fator reflexivo mais profundo nos filmes de gênero e da reinvenção da própria ficção científica. Recentemente já tivemos Ex_Machina, A Chegada, Blade Runner 2049 e, agora com Aniquilação, acredito que podemos esperar mais da ficção científica no séc XXI, que ela seja muito bem vinda.
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Amante dos filmes de terror clássicos e de um trash mal feito, é cinefotógrafo e tem o hábito de ver um filme no mínimo duas vezes: uma analisando o geral e outra analisando apenas a fotografia. Além, Igor é membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN).
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