Título original: Dude Direção: Olivia Milch Os novos filmes que compõem o que eu gosto de chamar de dramatic teen movies estão começando a aparecer para o cinema. Com a indicação de Lady Bird, passei a dar maior atenção a esse “subgênero” moderno. Seguindo, Dude - A vida é assim, é mais um bom exemplo de como esse cinema possui potencial. O filme de estréia da Olivia Milch na direção trata de quatro melhores amigas em seu último ano de ensino médio, lidando com os problemas da vida adolescente sempre regadas a álcool, drogas e festas. Em meio a clichês já esperados em “filmes teen”, Dude - A vida é assim, expõe um ponto da vida adolescente, o qual todos já passamos mas acabamos por esquecer ao atingir a vida adulta: o medo frente à mudança do estilo de vida com o fim do ensino médio. Nem tudo é como a gente quer, mas a vida é assim. Não podemos ver as pessoas que gostamos todos os dias, mas a vida é assim. Temos que aprender a conviver com algumas partidas que não estamos preparados, mas a vida é assim. É normal sentir-se frustrado em relação às coisas da vida, inseguros quanto o que será de nós no futuro, principalmente na fase adolescente, e o filme busca transmitir toda essa instabilidade emocional através de uma boa escolha de planos que são filmados com câmera na mão, ou com leves movimentos que distorcem ou comprimem nossa visão ao longo do tempo, nada brusco, apenas gradual. Se na escolha de planos o filme cumpre sua função, em boa parte do roteiro também o faz. É bem verdade que os clichês existem, o adolescente que usa drogas, que é sexualmente desinibido e que está o tempo inteiro falando sobre namoros de colégio estão presentes, no entanto, o que é deixado nas entrelinhas, escondido pelos clichês, é a imagem de um adolescente frágil, em fase de desenvolvimento emocional, onde ele molda sua personalidade para lapidar-se nos anos que se seguem. O desenvolvimento dos personagens, dos diálogos e das situações ocorrem bem no primeiro e segundo ato, porém, no terceiro ato, que comporta o final do filme, toda a carga dramática que acumulou até aqui parece ter sido jogada fora para dar lugar a um final digno de uma série dos anos 2000, bem menos do que o cinema atual, com um público cada vez mais especializado, exige. Apesar disso, é um fato que podemos esperar mais filmes com temática adolescente com uma boa carga dramática, Lady Bird nos ensinou que isso é possível e Olivia Milch com o seu novo filme nos põe cientes do desenvolvimento desse tipo de película. É importante para o público juvenil, que se sentirá representado não apenas por comédias adolescentes sobre garotas malvadas e meninos tarados, mas por algo que reconheça e expresse as suas emoções mais ocultas.
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Amante dos filmes de terror clássicos e de um trash mal feito, é cinefotógrafo e tem o hábito de ver um filme no mínimo duas vezes: uma analisando o geral e outra analisando apenas a fotografia. Além, Igor é membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN).
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